Bacharelado em Administração Pública e Gestão Social - EAUFBA

Bacharelado em Administração Pública e Gestão Social

Previsão de Início de Funcionamento: 2023.2

Duração:  4,5 anos (tempo regular) / 6 anos (tempo médio) / 7 anos (tempo máximo)

Turno de Oferta: noturno

Forma de Ingresso: Dois ingressos anuais (semestralmente) de 40 estudantes por meio do SISU

Modalidade: Presencial

Título Concedido: Bacharel em Administração Pública e Gestão Social

Nosso curso busca propiciar uma formação superior que permita ao(a) estudante, a partir da compreensão da realidade na qual se encontra inserido(a), atuar profissionalmente em um campo formado por instituições de diferentes naturezas e portes, notadamente as públicas e sociais, com atuação em segmentos e territórios diversos, como um(a) gestor(a) competente e ético(a), capaz de articular a reflexão e o pensamento crítico a técnicas e ferramentas pertinentes a cada um dos contextos vivenciados em sua prática profissional.

O processo de aprendizagem no Bacharelado em Administração Pública e Gestão Social da EAUFBA envolverá cinco dimensões de conhecimento e competências interpenetradas e não hierarquizadas, que envolvem os conteúdos de formação (básicos e de formação profissional) previstos nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a graduação em Administração Pública, e que orientaram a elaboração da matriz curricular deste curso. São elas:

 

Dimensão – Produção e disseminação de conhecimentos e inovações

O egresso de Administração Púbica e Social da EAUFBA não estará limitado à aplicação de conhecimentos apreendidos, mas também será capaz de produzir e disseminar conhecimentos e inovações que contribuam com os diferentes processos da administração pública e social. Nos componentes que integram essa dimensão será discutido o pensamento decolonial e as epistemologias do Sul como alternativas às principais correntes epistemológicas nas ciências sociais, que serão abordadas na perspectiva de seus atuais desdobramentos nas ciências administrativas. Tal produção de conhecimentos e inovações se dá por meio de métodos científicos estruturados, baseados em estratégias tanto quantitativas como qualitativas. No que concerne aos saberes tradicionais, esperamos que os egressos tenham a sensibilidade e responsabilidade social e política de compreender as potencialidades e possibilidades de diálogo junto aos saberes oriundos das práticas sociais tradicionais, práticas essas consolidadas pelo tempo e pela experiência.

 

Dimensão – Compreensão Teórica e Crítica

O egresso terá sido estimulado ao longo do curso a desenvolver a reflexão teórica e a análise crítica da organização, da gestão, as relações sociais, o estado, a sociedade e o mercado, o trabalho profissional, sua ética e responsabilidade social. Nesse sentido, esperamos que o egresso esteja apto a compreensão da complexidade que envolve o campo da administração pública e gestão social considerando os fundamentos e questões políticas, econômicas, históricas e sociais. Esperamos também que o egresso esteja apto a compreensão do seu impacto na atuação nas organizações considerando questões socioambientais e questões relativas aos direitos humanos, à diversidade de gênero, raça e etnia e de classe social, além de demais marcadores sociais, visando atuação ética, responsável e autônoma. Além disso, esperamos também que o egresso seja capaz de compreender marcos teóricos e epistemológicos, de realizar a problematização da produção de conhecimentos e saberes em Administração Pública e Gestão Social, compreendendo-a como um processo político e ideológico. Assim, esperamos que o egresso conheça e tenha capacidade de discernir os modos e modelos de administração e gestão hegemônicos e alternativos.

 

Dimensão – Técnico-Instrumental

O egresso do curso terá sido estimulado ao desenvolvimento de conhecimentos instrumentais, teoricamente referenciados, associados a diferentes áreas da gestão e organização públicas e sociais. Por meio dos componentes curriculares que envolvem a dimensão técnico instrumental, esperamos produzir o ensino e aprendizagem de conhecimentos de forma holística e crítica, para além de uma abordagem prescritiva e articulada com os componentes teórico-críticos, respeitando e estimulando as diversas formas de organização das questões públicas e sociais. Também, espera-se que os egressos dominem esses conhecimentos tanto em seus conteúdos (o saber “o que”) como em suas aplicações (o saber “como”), evidenciando uma clara relação entre teoria e prática.

 

Dimensão Compreensão Contextual

O egresso do curso terá vivenciado uma formação que o permita compreender e atuar em contextos local, regional, nacional e internacional considerando a dinâmica conjuntural com seus cenários, atores, conflitos, relações de forças e as articulações que influenciam a formação da vida social, política, cultural e econômica. Assim, o egresso poderá produzir um exame crítico a respeito do mundo e avaliar a sua forma de inserção no mundo, traduzindo esse conhecimento para a sua atuação profissional e cidadã.

 

Dimensão Extensão e Experiência

O egresso do curso terá experimentado a efetiva articulação entre teoria e prática de forma contextualizada e compartilhada com a sociedade e com estudantes de outras áreas do conhecimento que integram a universidade, por meio do desenvolvimento de atividades de natureza extensionista que serão integradas ao currículo na forma de Atividades Curricular em Comunidade e Sociedade (ACCS), Programas, Projetos, Cursos e Oficinas, Eventos, Residência Social, Prestação de Serviços, Laboratórios e do estímulo a identificação de componentes curriculares optativos de natureza extensionista que considere adequados ao seu interesse formativo e profissional, com apoio da Orientação Acadêmica. O Estágio Obrigatório e as Atividades Complementares também integram a dimensão Extensão e Experiência uma vez que se constituem em iniciativas que visam o desenvolvimento da capacidade de produção de reflexões e transformações sociais por meio da produção de conhecimentos e práticas integradas e implicadas que mobilize vivências, colaboração, o olhar crítico dos estudantes.

A EAUFBA se destaca como uma unidade da Universidade Federal da Bahia que oferece ensino, pesquisa e extensão de qualidade, atributos que se viabilizam, fundamentalmente, pelo seu corpo docente de excelência e pela adoção de uma perspectiva ampla em termos de formação, que alia competência teórica, formação técnica e consciência crítica. Ao longo de sua história, dirigentes, professores, técnicos, terceirizados e estudantes construíram uma unidade de ensino acadêmica e socialmente respeitada. A perspectiva de estruturar seus cursos a partir de marcos teóricos e práticos consistentes, adequando-os às características e demandas contemporâneas, vai ao encontro do compromisso da EAUFBA de permanecer como instituição proeminente e socialmente relevante, não só no momento atual, mas para as gerações e sociedade futuras.

Na EAUFBA a tradição da formação em Administração Pública foi iniciada em 1959 com a matriz curricular da Universidade do Sul da Califórnia, como uma das ações da chamada Aliança para o Progresso, acordo de cooperação entre os Estados Unidos e o Brasil. O currículo era orientado a formação de gestores para atuação em governos e se estruturava em torno do modelo de desenvolvimentismo proposto à época, momento em que se estimulava a criação e o fortalecimento de instituições públicas, tais como a Petrobras, os bancos de desenvolvimento e o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), onde se criou a carreira de técnicos de Administração, com concursos públicos e treinamentos para funcionários públicos.

Nesse cenário, a EAUBA foi um dos quatro polos do ensino de Administração Pública e Administração de Empresas, juntamente com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, e a Fundação Getúlio Vargas – FGV, através da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas – EBAPE, no Rio de Janeiro, e a Escola de Administração de Empresas de São Paulo EAESP, em São Paulo.

Pensada para formar quadros e fortalecer as redes de desenvolvimento local e regional, a EAUFBA constituiu-se, ao longo do tempo, em um polo de formação relevante. Não sem razão, nos anos 60 e 70, a EAUFBA assessorou as reformas administrativas nos estados do norte e nordeste brasileiro, um exercício de modernização do Estado para os novos desafios que se impunham à economia desenvolvimentista da época.

Na década de 1990, em meio aos processos de estagnação da economia e o fortalecimento das retóricas de falência do estado, o Curso de Administração Pública foi descontinuado na EAUFBA, sendo então seus conteúdos fundidos ao Curso de Administração de Empresas, se constituindo, assim, um curso de Administração Geral. O mesmo fenômeno também ocorreu com a Pós-Graduação stricto sensu da EAUFBA na mesma época quando o então mestrado e doutorado em Administração Pública do Núcleo de Pós-Graduação em Administração da EAUFBA – NPGA nos anos 90 deixam de ter essa orientação e se tornam, assim como a graduação, mais generalistas, um formato que vige até os dias de hoje.

Nos anos 2000, passa a se consolidar na EAUFBA o campo da Gestão Social, um campo interdisciplinar com profundas interações com o campo da Administração Pública. Se a Administração Pública parte de leituras e interpretações da res publica a partir do Estado, o campo de Gestão Social, por sua vez, amplia esse campo de reflexão, colocando a sociedade e seus sujeitos sociais como portadores de protagonismo no que concerne à produção do conhecimento e da ação, sendo dada uma maior ênfase no bem comum, tendo o território como elemento estruturante e transversal à pesquisa, extensão e a formação do discente.

A partir da ação do seu Centro Interdisciplinar em Desenvolvimento e Gestão Social (CIAGS) a EAUFBA implanta a Graduação Tecnológica em Gestão Pública, uma realização que só foi possível no contexto de expansão universitária proporcionada pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI (instituído por meio do Decreto n°6096, de 24 de abril de 2007). A integração ao REUNI possibilitou a admissão de dez novos professores com perfil voltado para a gestão pública e social, um movimento que à época renovou e atualizou os quadros da Escola.

O CIAGS, também à época, integrou projeto da FINEP/ CNPQ / MCTI que objetivava criar dez centros de referência em gestão, um movimento que à época foi financiada com recursos do FUNDO VERDE AMARELO. Nesse movimento, professores bolsistas desse programa, de modo coletivo e compartilhado, construíram o currículo dessa nova graduação tecnológica proposta pela EAUFBA no âmbito do REUNI. Esse currículo teve como objetivo a formação para a gestão do desenvolvimento territorial, com uma área de convergência entre Estado e Sociedade.

A relevância e inovação dessa proposta acadêmica foram prontamente reconhecidas pela sociedade, fazendo com que a procura pelo curso, na primeira seleção no âmbito do REUNI, tenha sido a mais alta da UFBA. As duas primeiras turmas, integradas ao Programa de Desenvolvimento em Gestão Social – PDGS, foram espaços de inovações no ensino, trazendo elementos novos, a exemplo da Residência Social. Esse roteiro formativo, para além de disciplinas fundamentais de recorte crítico, continha também disciplinas aplicadas com vistas à formação prática dos seus estudantes.

Essa experiência do campo da Gestão Social, após vários processos avaliativos, precisou passar por modificações e, após mais de dez anos de atividades, a congregação da EAUFBA decidiu reestruturar o curso Tecnológico em Gestão Pública. Essa iniciativa se associa, hoje, ao processo de reformulação dos Cursos de Administração e de Secretariado Executivo. Deste modo, a partir de uma série de diálogos institucionais, buscamos recuperar a tradição, o conhecimento e experiências acumulados nos campos da Administração Pública e da Gestão Social – o que nos conduz à ampliação do que tradicionalmente se qualificou como sendo o “campo de pública”. Assim, o Curso de Bacharelado em Administração Pública e Gestão Social pretende formar administradores e gestores que lidam com a res pública, com o bem comum, com interesses sociais e interesses difusos da natureza. Por fim, este curso apresenta-se à comunidade acadêmica e à sociedade com uma proposta de formação que articula campos de saberes e epistemes, que se propõe a refletir temas e questões estruturantes, emergentes e conjunturais e, sobretudo, articular saberes e fazeres.

O egresso do Bacharelado em Administração Pública e Gestão Social da EAUFBA deve ter um perfil crítico, ético e humanista, consciente da realidade em que está inserido, com amplos e profundos conhecimentos teóricos e práticos, competências fundamentais para a atuação cidadã e profissional na gestão de organizações públicas dos diferentes níveis (federal, estadual, municipal), organismos internacionais, organizações da sociedade civil e de desenvolvimento territorial.